quarta-feira, 15 de agosto de 2012

OS MEUS HERÓIS FAVORITOS: RICK RANDOM (1)


Foi aos nove anos de idade e nas páginas do inesquecível “O Falcão” que tomei conhecimento deste herói que não tardou a entrar para a galeria dos meus favoritos. Era sempre com muita impaciência que esperava pelo numero seguinte da pequena revista na esperança de ver publicada mais uma das histórias do “Primeiro Detective do Espaço”, como a imprensa inglesa o publicitava. Claro que isto só o soube muitos anos mais tarde. Naquela altura era apenas o herói que descobria planetas e desvendava mistérios. E nos intervalos das histórias de Rick Random, lá tinha de me contentar com as aventuras do Major Alvega, do Ene 3, do Dogfight Dixon, e de outros que intercalavam com ele. (o que, convenhamos, não era sacrifício nenhum... mas disso falaremos mais tarde) Cheguei a ter todas as histórias publicadas no Falcão 2ª série, mas infelizmente contam-se pelos dedos de uma mão os exemplares que ainda me restam. Vou tentar repor os que faltam...
1ª pagina de Terror from Space, na reedição de 1963 do Buster Annual

Rick Random surgiu pela primeira vez no número 37 da revista inglesa Super Detective Library da Amalgamated Press, em Setembro de 1954, uma das primeiras revistas a introduzir o formato de bolso na BD Inglesa. Foi da cabeça de Edward Holmes que surgiu a ideia do detective que trabalhava para o Interplanetary Bureau of Investigation, entidade gerida pelo Conselho Interplanetário criado para liderar a Terra após a devastação provocada no planeta pelas guerras do final do século XX. A sua missão era resolver os múltiplos crimes que ocorriam nos mundos e nas naves do Conselho.
Holmes estabeleceu os traços gerais da série e escreveu o primeiro episódio Crime rides the spaceways, com desenho de Bill Lacey (publicado em Portugal no Falcão nº65 e reeditado no nº886 da 2ª série, com o titulo Crime nas Estradas do Espaço). Seguiram-se mais 26 episódios escritos por Holmes, Conrad Frost, Adrian Vincent e Dick Wise numa fase inicial, e a partir de 1956, pelo jornalista científico Canadiano Bob Kesten que em 1958 passou a contar também com a colaboração de Harry Harrison um escritor de livros de ficção-cientifica americano que tinha chegado a Inglaterra nesse ano. Foi com Kesten e Harrison que as histórias adquiriram um maior interesse. 
'Kidnappers From Space', ou a arte magistral de Ron Turner.

Se Bill Lacey desenhou o primeiro episódio foi com a chegada de Ron Turner que a série atingiu o apogeu gráfico. Turner era dono de um traço muito singular e facilmente identificável, e de uma fértil imaginação de onde saíam veículos, paisagens e cidades verdadeiramente fantásticos. A série não era apenas apelativa do ponto de vista visual, pois é preciso não esquecer que na altura, o homem ainda não tinha ido ao Espaço, e havia uma maior liberdade na escrita de histórias de ficção-cientifica que não estavam sujeitas a grandes exigências a nível de compatibilidade com a ciência, por assim dizer. Dessa liberdade criativa tanto podiam sair animais de aparência pré-histórica coabitando com homens em planetas distantes de vegetação luxuriante e estranhas cidades tecnológicas, mas aonde se chegava num instante a bordo de naves de aspecto fabuloso, ou cientistas maléficos e loucos cujo objectivo era dominar o Mundo nem que para isso tivessem de apagar o Sol, ou mesmo expedições a Planetas tão próximos do Sol que à luz da ciência nunca poderiam ser visitados, quanto mais habitados. Porem nesses bons velhos tempos tudo isso (e muito mais) era possível.
E claro, para uma criança de nove anos, que sabia ler há pouco tempo, que não tinha televisão, computador, videojogos, tudo isto era simplesmente fascinante e obrigava a puxar pela imaginação.  

A seguir, a cronologia dos episódios. Até lá.

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