Salão Amadora BD 2009

No passado fim-de-semana fui ao Amadora BD. Tenho de confessar que foi o meu primeiro "salão". Todos os anos por esta altura penso "é este ano que lá vou", porém deixo passar a oportunidade e acabo por calçar as pantufas e ficar em casa. Este ano foi diferente pois tive dois grandes incentivos. Primeiro o facto de ter descoberto aquelas benditas caixas com a minha BD antiga, e segundo porque sabendo da vinda do Maurício de Sousa, a minha filha "obrigou-me" a deixar de ser calão e levá-la ao Fórum Luís de Camões.

Assim peguei na família e ainda bem que fomos. Como não tenho referencias das anteriores edições deixo para outros as criticas e limito-me a falar do que vi. Adorei as pranchas de Emanuel Lepage, os desenhadores polacos e alguns dos novos talentos portugueses.

Não achei piada absolutamente nenhuma à expo comemorativa dos 50 anos de Astérix. Aquilo é suposto ser uma homenagem? Só encontro uma palavra: ridículo...
Fiz algumas compras, mas a maior parte do tempo estive em fila de espera para um autógrafo de François Boucq, um autor que sempre me fascinou pelo seu traço e que atinge o auge na série Bouncer. Apesar do tempo que estive na fila de espera, não consegui um esboço no primeiro álbum de Bouncer apenas uma assinatura dedicada. Isto porque os últimos quatro da fila chegaram uns minutos "atrasados". Melhor sorte tiveram a minha filha e o meu sobrinho com desenhos autografados do Maurício de Sousa, e até um esboço de Lucky Luke feito pelo Achdé.
Vou estar a trabalhar no próximo fim-de-semana, mas tenho dois dias para convencer o meu chefe a trocar o meu horário para conseguir dar um saltinho de novo à Amadora. ehh...ehh..ehh (acho que apanhei o vírus e não quero ser vacinado)

Assim nasceu uma paixão - 2

Estes foram os meus álbuns seguintes, curiosamente também obtidos praticamente da mesma forma do anterior. Numa visita que fiz com os meus pais a casa de uns amigos, acabei com estes dois belos exemplares nas minhas mãos. Desta vez tudo se passou dentro da normalidade sem birras nem quezílias, foram-me oferecidos. Ainda tenho O Refugio da Moreia (Le repaire de la murène) tendo entretanto substituído Os Herdeiros (Spirou et les héritiers) por uma versão mais actual.

Para quem não conhece o universo Spirou sugiro que o procurem descobrir, em particular através dos álbuns assinados por Franquin. Vão ver que não se arrependem.

Foi com estes dois álbuns que verdadeiramente começou a minha paixão pela BD que teve altos e baixos mas que perdura até hoje.

Assim nasceu uma paixão - 1

O primeiro contacto que tive com a banda desenhada, foi meramente acidental. Tinha para aí os meus quatro ou cinco anos quando fiquei em casa de uma vizinha num dia em que a minha avó não pode tomar conta de mim. Para me manter entretido, a dona da casa deu-me para as mãos dois ou três álbuns do Tintim. Passei o dia a folhear aqueles livros, e mesmo não percebendo nada das histórias (como era possível meterem um homem dentro de uma garrafa?), senti um enorme fascínio pelos desenhos. Um dos álbuns ficou para sempre na minha memória e em minha casa. É que para acabar com a birra que fiz no fim do dia para voltar para casa, a amável senhora ofereceu-me esse livro: O Caranguejo das Tenazes de Ouro (Le Crabe Aux Pinces d'Or). Acho que quem não gostou muito da brincadeira foi o filho da senhora, uns anitos mais velho, e que durante muitos anos não falou comigo...

Conquistei assim o meu primeiro álbum, que veio a ser destruído alguns anos mais tarde por um visitante de ocasião que decidiu levar com ele algumas das páginas entretanto rabiscadas por mim ao longo dos anos... acho que afinal existe a tal justiça divina. ehh...ehh...

É só o início...

Ontem fui arrumar o sotão, tarefa que estava pendente há já bastante tempo. Caixas para um lado, sacos para outro, trapos, bujigangas, tanta tralha que nem sabia por onde começar. Como é possível juntarmos tanto "lixo" ao longo de uma vida?

Ao fim de meia hora o desânimo começou a apoderar-se de mim: "como é que eu vou arrumar isto tudo?" Reparei então numas caixas, bem ao fundo do sotão, envoltas na escuridão e cobertas com umas mantas velhas. Arrastei uma delas para a zona iluminada, e um ligeiro arrepio percorreu-me a espinha: "será o que estou a imaginar?", pensei. E era. Algumas das minhas revistas de banda desenhada (ou livros de "cóbóis" como nós lhes chamavamos quando eramos miúdos, fossem histórias do oeste, de guerra ou de aventuras).

Escusado será dizer que a arrumação ficou novamente adiada para outro dia, e o resto da tarde foi passada a reler e a colocar em ordem essas revistas e albuns de banda desenhada que eu julgava perdidas à muito. E como bónus, as outras três caixas também tinha mais do mesmo. Podem imaginar (ou não) a minha alegria por reencontrar algo que me fez tão feliz na minha infância e juventude.

Tomei então a decisão de partilhar convosco essa alegria criando este blog onde irei, de uma forma despretenciosa, colocar imagens que permitam a alguns, matar saudades de uma época que já não volta mais, e a outros mostrar como eram essas histórias que nos faziam sonhar numa altura em que os videojogos eram apenas... ficção-científica.